quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Karoschi - Morte no Trabalho e Pelo Trabalho resumido

Karoschi - Morte no Trabalho e Pelo Trabalho
A última década do século que acabou ocorreu uma redução- menos oficialmente no número de acidentes de trabalho no Brasil, porém o de mortes aumentou. Parece paradoxal mas tem uma explicação: enquanto o acidente é possível acobertar, o corpo quase sempre é muito difícil ou quase impossível de se esconder.

O número de acidentes é registrado só para os trabalhadores em trabalho formal, ficando de fora todos os acidentes dos que vivem da economia informal e mesmo na economia formal nem todos os acidentes são comunicados, enquanto que a morte, não é possível deixá-la sem registro. Outro exemplo de acidentes não comunicados são os que ocorrem no trabalho rural - cerca de 300 mil vitimas/ano - que a OIT considera como um dos mais perigosos. No campo mesmo as mortes não são notificadas, estima-se que ocorre a comunicação em apenas 3% delas (Correio Braziliense 15-11-97).

Segundo Jukka Takala chefe de Saúde e Segurança Organização Intencional do Trabalho (OIT), morrem mais de 1,1 milhão de trabalhadores por ano no mundo e pode piorar ainda mais. Esse número é assustador pois significa mais de 3 mil mortes por dia, cerca de 12 mortes por hora. Nessa última década, pelas novas tecnologias, pelo novo modelo de produção imposto e pela atual flexibilização da legislação trabalhista, tanto na rural quanto na urbana tem alimentado o número de doenças do trabalho.

Em nome da globalização e da redução do chamado custo Brasil, o olhar que nunca esteve sobre o trabalhador e o ambiente de trabalho é desfocado ainda mais e recai única e exclusivamente sobre a produção e o mercado. Em nome deles intensifica-se a redução de direitos, inclusive o de trabalhar – intensa redução de mão-de-obra com sobrecarga para os que permanecem no trabalho - tanto de quem esta na ativa quanto dos inativos. Exige-se, para quem trabalha, uma excessiva carga de trabalho, exemplo disso o aumento de horas extras de 1993 para cá tanto na indústria (média de 40%), como no comércio (média de 55%) e nos serviços (média de 35%). A intensa pressão/opressão/instabilidade no trabalho sobre o trabalhador predispõe este a acidentes, a doenças antes não existentes. Apesar do pouco registro, por sub-notificação ou por imposição "legal" através de legislação inconstitucional, constata-se que no governo FHC elas dobraram. Em razão desse, modelo econômico-produtivo patologias antigas não são combatidas e novas surgem como a Karoschi, que em japonês signiftca morte no e pelo trabalho, que já são milhares.de casos no Japão. Fenômeno parecido tem sido notado no mundo todo, principalmente nas empresas que incorporam novas tecnologias de gestão de produção como o Controle de Qualidade Total.

Seja o Karoschi ou Burn Out (incêndio inteno), em Inglês, o que mostra é a morte por excesso de trabalho. É a morte súbita por um comprometimento psicossomático global, agora acometendo os mais qualificados trabalhadores e os gerentes de produção.

No ano de 1998 ocorreram 19.651 acidentes, sendo que 1.528 tiveram fraturas, 267 sofreram amputações e 88 trabalhadores morreram. Raramente são notificadas as doenças do trabalho, entre essas uma das que mais levam ao sofrimento é a DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) que recebia a identificação de LER (Lesão por Esforço Repetitivo). Esta patologia pode levar à incapacidade total para o trabalho e causa um profundo sofrimento físico e mental do trabalhador.

Já passou da hora dos dirigentes sindicais se mobilizarem e cabe aos profissionais da área de segurança do trabalho nas empresas voltarem o seu olhar para o trabalhador como cidadão e não como objeto do lucro do patrão. O trabalho deve ser atividade criadora e não destruidora. A doença e o acidente apresentam para o trabalhador a cassação do seu direito de viver dignamente ou mesmo do direito à vida.



Extraido do Jornal do Mandato do Dep. Rosinha - PT - PR
Edição de Março de 2001

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